Como referi anteriormente, os seres espirituais assemelham-se a Deus por possuírem Intelecto e Vontade. No entanto, o ser humano, para ...

ANJOS E DEMÓNIOS - 7ª Parte: De que forma interagem connosco?

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Como referi anteriormente, os seres espirituais assemelham-se a Deus por possuírem Intelecto e Vontade. No entanto, o ser humano, para além disso, possui o corpo, que é, basicamente, apenas um primata desenvolvido, não é mesmo? Na fronteira entre o mundo espiritual e o físico, nós possuímos as emoções e a imaginação, algo que os anjos não possuem, embora as compreendam muito bem.

Dito isto, vamos então, concretamente, perceber como é que os espíritos (anjos e demónios) interagem connosco, como é que eles nos ajudam/atacam; como é que eles afetam a nossa mente!! 
E comecemos pelo que eles não são capazes de fazer:

Em 1º lugar: eles não são capazes de ler o nosso pensamento, a não ser que abramos a nossa mente para eles. Eles possuem como que ouvidos espirituais, por isso, a não ser que falemos ou que nos dirijamos a eles querendo comunicar, os anjos não conseguem saber em que estamos a pensar. Tão pouco conseguem os demónios. No entanto, eles são ótimos psicólogos, e conhecem o ser humanos muito melhor do que nós nos entendemos a nós próprios. Até porque acumularam milhares de anos de experiência em lidar com humanos.

Por isso, são capazes de nos perceber muito bem, e tentar interpretar em que pensamos pelo que sabem de nós, pela forma como agimos ou pelas reações do nosso corpo (como por exemplo quando nos ruborizamos por vergonha).

Se existem pessoas que conseguem quase interpretar admiravelmente a linguagem corporal e as micro expressões faciais, quanto mais os espíritos conseguem intuir boa parte do que nos vai pela mente. Pelo menos os traços gerais do pensamento, mas não as ideias em concreto.


E em 2º, eles não conseguem interferir diretamente sobre o nosso livre arbítrio. Não podem por julgamentos ou raciocínios no nosso INTELECTO, ou escolhas na nossa VONTADE, pois estas potências espirituais são sagradas, são o núcleo do nosso ser, aquilo que nos faz ser imagem e semelhança com Deus. Nem mesmo um homem possesso é culpado de possíveis ações ou blasfêmias que o demónio, por meio do seu corpo, possa fazer/proferir, pois essas coisas não partiram nem do seu intelecto nem da sua vontade, mas da de um demónio.

No entanto, os seres espirituais podem sim pôr imagens na nossa imaginação e emoções nos nossos corações, pois estes estão como que na periferia da nossa mente, e estão muito ligados à nossa parte sensitiva, corpórea.

Reparem: imagens e emoções não nos obrigam a nada, mas podem sugerir-nos ou inclinar-nos para coisas boas ou coisas más. As imagens e emoções inspiradas pelos anjos sugerem-nos ideias, ajudam-nos a compreender as coisas de Deus, encorajam-nos ao bem, recordam-nos dos nossos deveres de Baptizados e tentam dissuadir-nos do mal. As inspiradas pelos demónios procuram confundir-nos, incitar-nos à covardia e ao medo, à indiferença, ao desespero, à luxuria, à inveja, ao orgulho…. São as tentações. Mas, no final, quem tem de decidir somos nós. 

A imagem de um anjo e um demónio em cada orelha é, por isso, uma representação imaginária interessante e pedagógica, na medida em que transmite a ideia de como se procede a interação destes seres connosco. Eles apenas nos fornecem matéria-prima, colocando-nos diante de uma escolha. Mas os únicos que tem voto na matéria somos nós. 

Esta é a forma mais corriqueira com que os anjos e demónios interagem connosco, todos os dias e a qualquer hora. 


Não quero dizer com isso que não haja outras formas diretas ou indiretas de eles interagirem connosco, já que, por permissão divina, os anjos podem proteger-nos de males físicos, acidentes, doenças, etc. Da mesma forma Deus pode permitir aos demónios atingir a nossa saúde (física e psicológica) ou provocar outros tipos de desordens e males no mundo físico. (Basta ler o livro de Jó).

Mas mesmo nestas situações, eles apenas afetam o contexto em que nós estamos inseridos, cabendo a nós permanecer fiéis a Deus, ou cair na idolatria. 


A tentação é, por isso, a arma mais temível do demónio. Mais periga que qualquer outras ações com que ele nos possa atingir, quer sejam doenças físicas ou espirituais. É até mesmo mais perigosa do que a possessão, pois a tentação almeja conduzir a alma à perdição, enquanto a possessão não leva ao pecado, pois a pessoa não tem liberdade nas ações que daí resultam. Por isso é mais importante uma confissão bem feita do que um exorcismo!


O diabo é como um leão amarrado. A influência dos demónios depende completamente da permissão divina, e Deus nunca deixa que eles tentem uma alma acima das suas forças (I Cor. 10-13). Podemos ser até tentados a achar que lutar é impossível. É uma mentira do demónio, tentando desesperar-nos, dizendo "Não vale a pena resistir", "peca agora e confessa depois".

Em forma de resumo:
A nossa mente é um lugar sagrado no qual só a Deus nada está oculto. Mas este lugar é o campo de batalha entre anjos e demónios, e na qual temos o poder de decidir o vencedor. 

Tenhamos em atenção que, por vezes podemos ser tentados a nos deixar guiar pelas emoções, como se fossem "sinais de Deus" de que estamos a seguir o caminho certo. Porém, devemos evitar esses sentimentalismos e seguir o conselho dos santos de "levar todo o pensamento cativo à obediência a Cristo" (2Cor. 10.5) para julgar as imagens e ideias que nos surgem, e desconfiar de nossos sentimentos, "provando os espíritos para saber se são de Deus" (1 João 4,1). 

Mas qual a intensidade dos ataques? E quanto nos ajudam os anjos? Veremos na próxima parte.

Deus Vult!





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