Houve Guerra nos Céus!  Mas se os anjos não possuem corpos, como poderão combater? O campo de batalha para os seres espirituais é o c...

ANJOS E DEMÓNIOS - 4ª Parte: A derrota do Dragão

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Houve Guerra nos Céus! 
Mas se os anjos não possuem corpos, como poderão combater? O campo de batalha para os seres espirituais é o campo das ideias. Como que um grande DEBATE entre os anjos, mas terrivelmente dramático, com consequências piores que a morte. 

Deus não desejava que os seus anjos se perdessem. Por isso, durante um certo “tempo”, enviou-lhes a Sua graça, chamando-os e atraindo-os a Ele. Pela mentira de Satanás, muitos anjos desconfiaram do amor de Deus, rejeitaram a Sua graça e recusaram obedecer-Lhe, soberbamente julgando-se seus próprios senhores. 

Fez-se guerra entre a Luz e as Trevas, entre a fidelidade e o caos, humildade e orgulho. 
Espalhando a mentira como um câncer, Lúcifer aliciava outros anjos à sua rebelião, em direção ao Trono do Altíssimo, como um Dragão desvairado (Ap 12, 7).

Ecoou, então, um brado no Céu: 

QUEM COMO DEUS !?

Um anjo, um simples arcanjo, atrevia-se a interpor-se às aspirações do orgulhoso Lúcifer, para defender a Glória de Deus!
Mas quem era este espírito celeste que ousava desafiar o mais alto dos anjos, e que agora refulgia invencível, revestido do “poder da justiça divina, mais forte que toda a força natural dos anjos” (1)?

“Quem como Deus?” – Este sinal de fidelidade, que em hebraico se diz Mi-ka-el ("Miguel" em português), passou a ser o nome daquele anjo que, por sua caridade ímpar, foi o primeiro a levantar-se contra as ofensas à Majestade divina.

Milhões de milhões de espíritos celestes começaram a repetir o mesmo brado de fidelidade. 
"Quem como Deus!?!". 
O louvor mais completo, a adoração mais perfeita, o reconhecimento mais cheio de amor pela transcendência divina e a confissão mais humilde da limitação da criatura.

Assim foi detida a maré de trevas que alastrava-se pelo firmamento celestial. Muitos anjos foram salvos, adorando e acreditando no amor do Criador.

Então, na Sua Sabedoria, e respeitando a liberdade das Suas criaturas, Deus cessou de enviar a Sua graça. A vontade de ambas as partes estava definida. De fato, por serem espíritos, as suas decisões revestem-se de radicalidade e de irrevogabilidadeNós, enquanto humanos, somos voláteis na nossa opinião, animo, fervor, porque temos um corpo. Mas isso não acontece com os espíritos, pelas características que vimos sobre a sua natureza angélica. 

Por isso, não há retorno ou arrependimento para Satanás (o Dragão, antes Lúcifer) e seus anjos. 

Obstinados no pecado, afundaram em si próprios. Sua luz, como que virada do avesso querendo brilhar só para si, tornou-os escuros, demónios, seres corrompidos na sua natureza por quererem ser como Deus, ser sem Deus. Já não mais tinham lugar no Céu, e foram expulso. Melhor seria dizer que se fizeram expulsar, para não mais viverem nas vistas do seu Senhor, pois a si próprios somente queriam e prezavam, e a Amizade do Ser Criador rejeitaram (Jd 6)

E caíram na desgraça, que é a ausência de Deus. Arrastando um terço dos anjos consigo (Ap 12, 4), 
Satanás submerge nas trevas eternas da revolta, nos abismos tenebrosos do Inferno (cf. 2Pd 2, 4). 
Esse lugar de tormento, possibilidade terrível da liberdade das criaturas, criação demoníaca daquele que inventou o Pecado. Fechados ao amor de Deus, que é fonte de todo o Bem, só lhes restava a auto-destruição eterna.

Em contrapartida, os anjos fiéis eram admitidos na paradisíaca presença de Deus, e São Miguel era elevado pelo Rei do Universo ao píncaro da hierarquia dos anjos, para se tornar o glorioso príncipe da milícia celeste, como é designado pela liturgia da Santa Igreja, 

Também a escolha dos anjos foi irrevogável, pois no ato de exercerem a sua liberdade na opção pelo Bem, confirmaram-se na Caridade divina, e já podiam ser admitidos à intimidade do Senhor, vendo a Deus face a face.

Assim encerrava-se o tempo angélico.

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Para nós, a lição mais importante desta batalha é que: Deus todos fez para vivermos no Paraíso, mas o amor, para ser verdadeiro, necessita ser uma escolha livre. Ele deseja ardentemente que, livremente, o homem escolha amá-l’O. Para isso, Ele envia a cada um a sua graça, como um chamamento íntimo e capacitando-nos a responder ao Seu amor. Mas a escolha é nossa, e só cultivando a virtude angélica da humildade poderemos também nós dizer o nosso Mi-Ka-El.



"Foi o orgulho que transformou anjos em demónios, mas é a humildade que faz de homens anjos."  ensina-nos Santo Agostinho


Porém, a nossa chance encerra-se com a morte, quando então o destino do homem é selado para toda a eternidade, e a opção de cada um é radicalizada e cristalizada. Ao contrário dos anjos, só podemos ser confirmados na graça de forma gradual. A cada momento caminhamos para um ou outro destino: Esplendores imortais ou horrores eternos. Agora é a nossa oportunidade. “Eis que hoje coloco diante de ti a vida e o bem, a morte e o mal.”  Dt. 30,15. 
Cada homem é livre para escolher de que lado ficará, e a cada momento caminhamos para um ou outro destino: Esplendores imortais ou horrores eternos. A escolha entre o bem e o mal resume-se na antítese entre o “Não servirei!” proferido por Satanás e o “Quem como Deus?!” de São Miguel.

Muitas pessoas, e até mesmo entre aqueles que se dizem cristãos, não acreditam na existência do INFERNO, vendo nele algo que, pensam, contraria a existência de um Deus misericordioso. Tal pensamento revela incompreensão sobre a gravidade do pecado e a misericórdia de Deus.

Deus criou-nos para o amor; criou-nos para Ele, sumo Bem, e é esse o sentido da nossa existência e dos anjos. Sendo o pecado uma falta para com o Bem, ele rompe com o sentido da vida da pessoa, e causa a sua autodestruição. O Inferno é uma possibilidade dramática do nosso livre arbítrio. É o lugar daqueles que, livremente, optaram por afastar-se do Bem, pelo egoísmo, pela soberba, pela autos-suficiência… É o lugar dos que se tornam incompatíveis com aquele que É, e por isso, rompem com aquilo que são, com aquilo para o qual tinham sido destinados.

Outra lição importante que devemos ter em atenção é que o campo de batalha ideológico é mais terrível do que as guerras mundiais, a peste ou as catástrofes, pois estas últimas matam o corpo, mas a primeira pode matar almas eternamente. 

E são tantas as batalhas: a ditadura do relativismo, o marxismo cultural, o protestantismo, o indiferentismo, o modernismo ...  estes são os dragões de muitas cabeças que temos hoje de enfrentar. 


Mas com a ajuda do Arcanjo São Miguel, quem nos derrotará? E, se Deus é por nós, o que temer? 

Deus Vult!

(1) Suma Teológica I, q. 109, a. 4.


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