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ANJOS E DEMÓNIOS - 2ª Parte: Quem são eles?

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Em incontável variedade, seres visíveis e invisíveis, inteligentes ou desprovidos de razão, dispostos numa maravilhosa hierarquia, constituem a Ordem da criação do universo, reflexo da perfeição adorável de Deus. 

Organizada em graus de ser, desde os elementos mais básicos, aos grãos de areia da praia, passando pelos milhões de microrganismos numa gota de água, insectos, repteis, aves e todos os animais desprovidos de razão. 

Depois destes, temos o ser humano. Criando a sua natureza pela união de um corpo corruptível e uma alma imortal, tornou-o o elo de ligação entre a matéria e o mundo espiritual.

Deus criou-nos à Sua imagem e semelhança, na medida em que dotou-nos de natureza intelectual (isto é: intelecto e vontade), que é atributo divino. Tal reveste o homem de certa dignidade superior às das outras criaturas visiveis. No entanto, tal dignidade não foi somente dada ao homem.  (1)

Haveria um vácuo na hierarquia da Criação se nada preenchesse a distância entre o ser humano e Deus. Por isso, no alto desta grandiosa hierarquia, diz-nos São Tomás de Aquino, “superando em perfeição todas as criaturas visíveis”, Deus colocou a natureza angélica: seres puramente espirituais, a que costumamos chamar de anjos, tão diversos e fabulosos que cada um é como o único ser da sua espécie. 

Mas quem são os anjos? 

A palavra anjo significa “mensageiro”, embora genericamente a utilizemos para nos referirmos aos seres espirituais bons e a palavra “demónios” para nos referirmos aos seres espirituais malignos. 

Mas tanto os anjos como os demónios são criaturas, seres espirituais, tão reais e pessoais como nós, embora de natureza diferente. Isto é largamente atestado pelas escrituras e são verdades de fé. 

Eles foram dotados de dons superiores aos concedidos aos homens, tendo pleno conhecimento e entendimento de tudo o quando lhes chega ao conhecimento e que Deus revelou.

Isto porque eles não sofrem de incompreensões, esquecimentos ou confusão. Tudo o que lhes foi revelado está presente no seu espírito em simultâneo. Isto é um conceito difícil de nós entendermos.

Sendo puros espíritos, eles não têm um corpo (ainda que, em determinadas circunstâncias, por autorização divina, eles se possam manifestem de forma visível). Por isso, não se cansam, não dormem, não precisam de come nem beber, não sofrem (pelo menos não da mesma forma que nós), não têm sexo, não morrem e com certeza não têm nada a ver com as imagens rechonchudas, aladas, simpáticas ou frágeis que embelezam a arte e o folclore. Antes, são criaturas terrivelmente magníficas! 

São intelectos puros! De longe mais brilhantes e sábios do que nós podemos ser, pois o seu espírito não é limitado por algo físico. A velocidade dos seus pensamentos não é travada pelas sinapses eletroquímicas de um cérebro, a sua memória não se esquece de nada e a sua presença não é limitada pelo espaço físico.


Ainda assim, eles não são nem omnipresentes nem omniscientes. Podem deslocar-se de um sítio para o outro com a velocidade de um pensamento, mas não estão em todos os lugares ao mesmo tempo. 

Os anjos, estes príncipes celestes, são poderosíssimos, mas a sua influência está totalmente conformada à vontade divina. Eles são tão formidáveis que, sistematicamente, quando as sagradas escrituras relatam a aparição deles a humanos, nós somos tomados não só de alegria, mas também de TERROR! Porquê? Porque estas criaturas ardem de amor a Deus e de zelo pelo nosso bem. Um amor tão grande que nos deixa pasmados e amedrontados, extrapolando a nossa compreensão e capacidade.

Em contra partida, os demónios, embora da mesma natureza angélica, são terríveis pela razão oposta. O seu ódio é incansável, e estão completamente obcecados em aniquilar tudo o que Deus criou, em especial os humanos, pois sabem sermos amados pelo Criador, a quem querem ferir, e por inveja do Bem que Deus nos preparou e que eles se privaram pelo pecado. 

Nem sempre foram assim. De facto, todos os demónios foram anjos anteriormente. Criados bons, corromperam-se, como veremos nos próximos artigos. A palavra "diabo" vem do latim "diabolus" e significa "caluniador", e a palavra "demónio" tem origem grega e designa tradicionalmente os espírito maus, os anjos caídos.

Segundo a tradição, estas são as designações mais comuns para Lúcifer e seus sequazes. O seu poder é terrível, mas não precisamos temê-los, pois são como um cão amarrado,  cuja ação está totalmente submetida à autorização de Deus. 

Por tanto, que não se pense que por Diabo seja algum antagonista de Deus. Definitivamente não! O Diabo é apenas uma criatura e nenhum ser não-criado existe além de Deus. Deus não tem nenhum ente que lhe seja oposto. Nenhum ser poderia jamais alcançar uma tão "perfeita maldade" que se opusesse à perfeita bondade de Deus. No máximo, poder-se-ia dizer que o antagonista do Diabo é São Miguel Arcanjo. 

Nesta primeira postagem, a mensagem que gostaria de deixar clara era a de que tomemos consciência da existência destes seres e do quão incríveis e diferentes eles são de nós, para podermos compreender mais tarde de que forma podem interagir connosco.

“Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste mundo, contra as hostes espirituais do mal, espalhadas nos ares.” Efésios 6:12

Mas não estamos sós! São Miguel e os veneráveis anjos de Deus estão do nosso lado! Agora, como surgiu esta rivalidade e de que forma estes seres influenciam o nosso dia-a-dia, será matéria das próximas postagens.



Deus Vult!





(1) Tratado do homem (Questão XCIII (93), artigos 1 a 9)






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