"Deus é justo Juiz", diz o salmista ( Salmos 7:11). Ora, é da justiça retribuir o bem e castigar o mal. No entanto, De...

DIVINA MISERICÓRDIA - Justiça e Misericórdia são compatíveis?

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"Deus é justo Juiz", diz o salmista (Salmos 7:11).

Ora, é da justiça retribuir o bem e castigar o mal.
No entanto, Deus nos perdoa e não nos pune na medida dos nossos pecados. Pelo contrário, exerce de grande misericórdia apagando os nossos pecados passados, por mais bárbaros que sejam! E exorta-nos a sermos como Ele, perdoando as dívidas de nossos irmãos e não procurando vingança contra nossos inimigos.

Mas, se Deus não pune o crime com sentença equivalente, não está, de certo modo, cometendo uma injustiça? Como é possível conciliar um Deus Justo com um Deus Misericordioso? Justiça e Misericórdia são compatíveis?

Explica-nos São Tomás de Aquino sobre a divina Misericórdia:

“Deus age misericordiosamente, não de forma a contrariar a Sua Justiça, mas fazendo algo além daquilo que é Justo. Assim, quem desse duzentos dinheiros ao credor, ao qual só deve cem, não pecaria contra a justiça, mas agiria liberal ou misericordiosamente. O mesmo se daria com quem perdoasse a injúria, que lhe foi feita; pois, quem perdoa, de certo modo dá; e por isso o Apóstolo chama ao perdão, doação (Ef 4, 32): Perdoai-vos uns aos outros como também Cristo vos perdoou. Donde resulta que, longe de suprimir a justiça, a misericórdia é a plenitude dela."

Mais do que compatíveis, a Justiça é apenas parte e expressão da Misericórdia. Um "galho" da árvore do amor misericordioso de Deus. 

Quem se arroga o direito de, com olhar severo, sair por aí condenando a torto e a direito, é porque, com certeza, se esqueceu da imensa paciência com que Deus o tem tratado. Se tivéssemos lembrados da nossa miserável condição de pecadores, seriamos muito mais benevolentes e compassivos para com as quedas do próximo.

Porém, muitos têm deturpado o sentido da Misericórdia Divina, como se esta anulasse a justiça, em vez de elevá-la.

Em relação a isto, Nosso Senhor revela a santa Brígida:


"Sou um Juiz Justo e Misericordioso. 
Este fundamento tem sido agora deturpado, porque todos creem e pregam que Sou Misericordioso, mas quase ninguém crê que Eu seja um Justo Juiz".

Esta deturpação é terrivelmente perigosa, pois procura prescindir o pecador da conversão, do arrependimento sincero e da busca da rectidão de vida.  Como se bastasse ser "moderadamente" cristão, sem "radicalismos" ou exageros, pois que "o resto Deus perdoa".

Vale lembrar uma frase de Santo Afonso de Liguori: 


"Deus tem Misericórdia de quem O teme, não de quem se serve dela para não O temer".

Somente quem teme ofender a Deus e renuncia ao pecado pode ter esperança de alcançar Misericórdia e ser salvo.


Pode-se perguntar ainda como conciliar a misericórdia divina com a existência do inferno. Para resolver esse problema, é preciso entender que o inferno existe não por uma deficiência do amor de Deus – que é, por essência, infinito –, mas por um abuso da nossa liberdade. 

Este é o drama da liberdade humana! A possibilidade radical de se fechar ao amor, optar pelo egoísmo, pela auto-suficiência e pelo orgulho. Estas atitudes fecham a alma à acção libertadora da misericórdia divina.  Por isso, é necessário pedir e pedir sempre a Deus a graça do verdadeiro arrependimento de nossos pecados.

Em revelações a Santa Faustina Kowalska, Nosso Senhor deixou muitos apelos à confiança na Sua divina misericórdia.


“As graças de minha misericórdia se tomam com um só recipiente, que é a confiança. Quanto mais uma alma confia, tanto mais receberá."


"Quanta dor Me causa a falta de confiança em minha bondade. Os pecados que Me ferem mais dolorosamente são os de desconfiança"

Porém também nos alerta:


“Diz aos pecadores que ninguém escapará ao Meu braço. 
Se fogem do Meu misericordioso Coração, 

hão-de cair nas mãos da Minha justiça”


Como poderia alguém fugir do misericordioso Coração de Jesus? De duas formas. Ou não se reconhecendo necessitado de misericórdia (obstinação no pecado), ou, como Judas, remoer-se de remorsos pelos seus pecados e não acreditar poder ser redimido (desespero).

Nisto consiste a confiança na Misericórdia Divina: reconhecer-se dependente da misericórdia de Deus para ser salvo e confiar no perdão do Pai Eterno, especialmente pelo Sacramento da Reconciliação. Pois esse Pai, tão só nos vê arrependidos, já esqueceu as desgraçadas quedas. 
E em todas as cruzes e contrariedades que Deus permite nas nossas vidas, reconhecer a Providência divina, que tudo dispõe para o benefício espiritual daqueles que têm fé. 

Irmãos! 
Com santo temor e verdadeiro amor, corramos à fonte inesgotável de Misericórdia aberta na Cruz pela lança, para salvação das almas.


 Deus Vult!



















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