Começo com um alerta de São Luis Montfort, este santo tão mariano:  “Como es perar que Deus nos ouça, se nós mesmos não prestamos ate...

DICAS PARA O ROSÁRIO - 2ªParte: Onde e como rezar (conselhos preliminares)

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Começo com um alerta de São Luis Montfort, este santo tão mariano: 


“Como esperar que Deus nos ouça, se nós mesmos não prestamos atenção no que dizemos?  (…) Quando assim procedemos, perdemos o direito às bênçãos de Deus e estas se transformam em desgraças, porque rezamos com falta de respeito.” 

Por isso, não caiamos na presunção de que, rezando o Terço como uma coisa mecânica, uma ladainha mágica ou uma murmuração enfadonha, que agradamos a Nosso Senhor.

O mesmo santo ensina-nos, no entanto, o que é essencial: 
"Para bem rezar o Rosário, não há necessidade de gosto, nem de consolação, nem de suspiros, nem de arroubos, nem de lágrimas, nem de aplicação contínua da imaginação. São suficientes a fé pura e a boa intenção."

Com isto, o santo alerta-nos que esta oração é, essencialmente, uma doação de si, e não um sentimentalismo ou uma experiência sensorial. Embora Deus possa agraciar-nos com consolos e lágrimas, não desanimemos se nem sempre nos conseguimos manter atentos, se não sentimos gostos ou não encontramos esses consolos. Rezemos com fé que estamos ali para consolar nosso Senhor e sua Mãe, em vez de nos preocuparmos em consolar a nós mesmos. Aí, tudo o resto será lucro.

Dito isto, para colocarmo-nos numa verdadeira atitude de oração, devemos ter em atenção ainda o LOCAL em que estamos e a POSIÇÃO em que estamos. 


Sobre o Local:

Sempre que for possível que nos recolhamos no silêncio e calma da nossa casa, do nosso quarto, de uma capela ou Igreja, ou até de um parque, isso seria o ideal. Mas nem sempre isso é possível, em especial para os leigos, de quem as ocupações e deveres roubam as melhores horas do dia. 
Para que nem o local nem o tempo seja desculpa, dois concelhos de dois santos:


“Não tenhais vergonha de recitar o Rosário a sós, andando na rua para a escola, universidade ou trabalho, ou nos transportes públicos” São João Paulo II

“Experimente recitar o Terço distribuído pelos momentos livres do dia. Uma parte de manhã, uma mais à tarde, uma antes do almoço. Dois minutos de vez em quando para uma parte, não custa nada! Mas é necessário recitar o Terço todos os dias, como empenho de amor à nossa Mãe Celestial” São João Bosco

Ainda assim, não deixo de aconselhar que procuremos rezá-lo reservando um período de maior calma, se isso for possível, num pequeno “retiro” caseiro. Afinal, se tivermos tempo para ver o football ou a novela, seria de estranhar a organização das nossas prioridades, não é verdade? Haveríamos de consumir o nosso tempo em divertimentos e oferecendo a Deus os restos que sobrarem?


Sobre a Posição:

Tenhamos sempre presentes que a oração é algo sagrado e que não estamos a falar para o ar, ou a pronunciar palavras mágicas sem sentido. NÃO! 

Nós estamos a falar com  pessoas concretas. Na verdade, para pessoas de carne e osso! Jesus Cristo e Maria Santíssima! Sim, pois ambos vivem já em Seus corpos gloriosos!

Por isso, os santos recomendam que oremos de joelhos ou de , como sinal de respeito e penitência, ou ao menos sentados (sempre que a saúde e o local o permitirem claro). 
Se nos é natural a demonstração de respeito pela postura quando nos vem visitar alguém importante, não o faríamos com mais razão se nosso Rei e Rainha nos visitam? Ou permaneceríamos deitados se a nossa Mãe do Céu se revelasse diante de nós?

A posição do corpo favorece a meditação e atenção, porque transite ao corpo uma atitude interior. Nós não somos uma alma que habita um corpo, mas sim corpo e alma numa única natureza. 
Por isso, reverenciamos e rezamos a Deus não só com a nossa alma, mas também com o corpo! Isto é um princípio básico da fé cristã. Diz-nos o Catecismo:


  • 2702. A necessidade de associar os sentidos à oração interior corresponde a uma exigência da natureza humana. Nós somos corpo e espírito e experimentamos a necessidade de traduzir exteriormente os nossos sentimentos. Devemos rezar com todo o nosso ser para dar à nossa súplica a maior força possível.
  • 2703. Esta necessidade corresponde também a uma exigência divina. Deus procura quem O adore em espírito e verdade e, por conseguinte, uma oração que suba viva das profundezas da alma. Mas também quer a expressão exterior que associe o corpo à oração interior, porque ela Lhe presta a homenagem perfeita de tudo a quanto Ele tem direito.

As formas de expressar exteriormente a nossa atitude e louvor interior podem ser variadas, e podemos usar da nossa criatividade conforme aquilo que percebermos ser mais útil à oração. Nisso também procurarei fazer sugestões nos próximos artigos, sobre cada um dos Mistérios meditados.

Outros concelhos práticos para ajudar a atenção e devoção:

  • Ter uma imagem para onde olhar, um crucifixo, ou até uma imagem no telemóvel (para favorecer a atenção e meditação);
  • Voltar-se para a Igreja mais próxima, em atitude de adoração do Santíssimo Sacramento;
  • Ter um terço na mão (para nos podermos embrenhar no mistério, sem nos preocuparmos com contagens).

Peçamos a Nossa Senhora de Fátima que nos ensine a bem orar, de corpo e alma.

Deus Vult!









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