PORQUE SATANÁS QUIS TENTAR JESUS?
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Já se questionou: “Porque haveria o Diabo, um intelecto puro, supostamente de tanta genialidade, sequer procurar tentar Jesus?”
Cristo é, literalmente, o Filho de Deus, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o Verbo divino encarnado. Ele não pode pecar!
Porque haveria Satanás de querer tentá-l'O?
Orígenes diz-nos que:
“Ele (Satanás)não sabia que o ‘Filho de Deus’ se havia tornado homem, pois Deus ocultou-lhe a inexplicável encarnação”.
Aos olhos dos outros, Jesus parecia um homem modesto, sem receber grandes homenagens do Seu Povo. Por isso, Satanás assumiu que Cristo seria apenas um homem agradável a Deus pela sua virtude.
Sem um sinal claro da divindade de Cristo vindo dos Céus, Satanás teria de esperar até que o Messias se revelasse. Quando o Diabo ouviu São João Batista dizer de Jesus “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”(Jo 1,29), e também, “este é o Filho de Deus” (Jo 1,34), Satanás ficou atónito.
E mais! O Diabo viu também os eventos no Batismo de Jesus, quando, saído das águas, o esplendor do Céus cobriu o Messias e ouviu-se uma Vós do Céus:
“Este é o Meu Filho amado, em quem pus toda a minha complacência”(Mt 3, 17).
Então, Santanás pensou para consigo “Enquanto eu não o tiver testado em combate por meio da tentação, não serei capaz de saber quem ele é”.
Por outras palavras, Satanás tentou a Cristo para procurar saber se Nosso Senhor era literalmente o Filho de Deus ou não.
Repare que o Diabo não ousou sequer tentar a Cristo imediatamente mas, segundo o evangelistas, tão somente quando Ele sentiu fome, isto é, quando O viu sujeito à miserável condição humana. Pois, embora sabedor que o Filho de Deus devia vir ao mundo, não pensava, contudo que viesse sujeito a essas misérias do corpo.
Por tudo isto, para tirar a limpo a situação, o espírito iníquo aproximou-se de Jesus e tentou-O pela primeira vez:
Repare que o Diabo não ousou sequer tentar a Cristo imediatamente mas, segundo o evangelistas, tão somente quando Ele sentiu fome, isto é, quando O viu sujeito à miserável condição humana. Pois, embora sabedor que o Filho de Deus devia vir ao mundo, não pensava, contudo que viesse sujeito a essas misérias do corpo.
Por tudo isto, para tirar a limpo a situação, o espírito iníquo aproximou-se de Jesus e tentou-O pela primeira vez:
“Se és o Filho de Deus, ordena a estas pedras que se transformem em pães.” (Mt 4,3).
Note a perspicácia do Diabo, procurando ocultar as suas verdadeiras intenções. Ele não diz “Transforma estas pedras em pães”, mas usa o prefixo “Se és o Filho de Deus…”.
“Se ele fizer isto…” - terá pensado o Diabo - “então, certamente ele é Aquele Messias esperado que vem para subverter o meu poder; porque só o poder divino pode alterar a natureza de qualquer coisa. Mas, se ele recusar fazê-lo, então estarei a lidar com um simples homem, e poderei afastar os meus receios. Estarei livre de perigo”.
Porém, sabendo o plano do Tentador, Cristo nem transformou nem disse ser incapaz de transformar as pedras em pães, respondendo:
“Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que vem da boca de Deus” (Mt 4,4)
Com isto, Ele quis dizer: “Se Deus o conceder, um homem pode sobreviver sem comer. E, se esse for o caso, porque haveria Eu de transformar as pedras em pães?”.
Além de desmantelar a armadilha, na própria resposta Cristo inclui um sentido ainda mais profundo: Ele próprio é a Palavra de Deus, o verdadeiro Maná, o Pão descido do Céus que quem comer nunca mais terá fome. Por isso, na sua resposta, o Senhor não só afirma a Sua humanidade como, simultaneamente, afirma a sua divindade.
Repare que Jesus, propositadamente, não diz ser incapaz (pois Ele não poderia negar o Seu poder sem estar a mentir), nem diz ser capaz (ocultando a sua divindade para evirar que o Diabo se afastasse d’Ele).
Na segunda tentação, Satanás sobe a parada. Nosso Senhor permite ao Diabo que o carregue até ao pináculo do Templo de Jerusalém. E novamente:
“Se és de facto o Filho de Deus” desafia o Tentador “atira-te daqui. Pois está escrito: ‘Ele ordenará que os seus anjos o carreguem nas suas mãos , para que o Seu pé não bata contra as pedras (Sl 91,11 e 12)” (Mt 4,6).
Mais uma vez, o Diabo começa a tentação com a premissa “Se és o Filho de Deus…”, procurando forçar a Cristo a revelar a Sua verdadeira identidade, usando as próprias escrituras. Mas Jesus responde-lhe ao pé da letra, também com as escrituras:
“Está escrito, não tentarás o Senhor teu Deus (Dt 6,16)”.
Contrariado por tal resposta, podemos imaginar a revolta do Diabo por ainda não saber nada sobre aquele Indivíduo. “Será um profeta? Será apenas um homem santo? Ou será, literalmente, o Filho de Deus?”.
Atacando uma terceira vez, o Tentador leva Cristo a uma grande montanha, e mostra-Lhe todos os reinos da terra.
“Tudo isto te darei, se te prostrares por terra e me adorares” (Mt. 4,9).
Nos tempos antigos, os hebreus tinham as montanhas em alta conta, como lugares privilegiados para o encontro com a divindade. De facto, um dos títulos mais antigos de Yahweh é “El Shaddai” que significa “Senhor das Montanhas”.
Quando Lúcifer rebelou-se contra Deus, lemos em Isaías a sua pretenção: “Eu ascenderei aos céus, sobre todas as estrelas de Deus e colocarei o meu trono; sentar-me-ei no monte da congregação, no ponto mais elevado do monte santo”(Is 14,13).
Finalmente, a esta investida do Diabo, Nosso Senhor ordena-lhe majestosamente:
“Para trás, Satanás, pois está escrito: Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a ele servirás (Dt 6,13)” (Mt 4,9).
Por esta ordem, Cristo retirou a Lúcifer a permissão de continuar a tentá-l’O e precipitou-o de volta no Inferno.
O Diabo recolheu-se em confusão, por não ter reconhecido Aquele que o conhecia intimamente, aquele que se dirigia a ele pelo seu nome, “Satanás”.
Por causa da sua soberba e desprezo pela natureza humana, Satanás é incapaz de compreender como é que poderia Deus ser totalmente humano e, ainda assim, conservar ao mesmo tempo a Sua divindade (a união hipostática).
Por outras palavras, a Encarnação confunde completamente o Diabo.
Tendo-se apartado por um tempo, o Tentador voltaria mais tarde em toda a sua fúria.
Acendendo a inveja de Caifás, o sumo sacerdote, por meio dele Satanás volta a insistir que Nosso Senhor se revele.
“E o sumo sacerdote (Caifás) disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus.” (Mt26, 63)
Ao que que Jesus lhe responde:
“Eu o sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do poder de Deus, e a vir sobre as nuvens do céu.” (Mc 14, 62).
Deus Vult!
Referências: Baseado em "The Temptation Highlights Christ's Humility and Humanity", e "The meaning of Christ's Temptation at the Temple", por Stephen Beale