SANTO TOMÁS DE AQUINO - O Doutor Universal da Igreja
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Porque o chamam de Doutor Universal, ou Doutor Comum da Igreja?
A ele cabe esse título pois as suas obras gozam de uma autoridade suprema sobre todas as outras obras doutrinais.
Reiteradamente, o Magistério da Igreja confirmou esta dignidade do santo porque, no dizer de Clemente VI, a doutrina teológica do Aquinate é "verdadeira sem contágio algum de falsidade (vera sine contagio falsitatis), é clara sem a tediosa sombra da obscuridade (clara sine taedio obscuritatis) e é frutuosa sem o vício da curiosidade (fructuosa sine vitio curiositatis)".
São Pio V canoniza definitivamente a doutrina do santo na bula Mirabilis Deus, pela qual proclama Santo Tomás "Doutor da Igreja Universal", dizendo que "a doutrina de Santo Tomás é regra certíssima da fé, e que "a Igreja recebe essa doutrina teológica como Sua, por ser a mais certa e segura de todas".
Para não dar margem a confusões: quando se diz que o tomismo é a doutrina comum da Igreja, está-se reiterando, com o Magistério da Igreja, que em seus princípios e em seus fins ela não contém erros em matéria de fé. Tal é a sua riqueza teológica que dela se serve o próprio Magistério na proclamação de Dogmas e/ou na defesa da fé contra erros e heresias. É evidente que, nos pontos teologicamente opináveis, pode um católico discordar do Doutor Angélico. Mas, mesmo nestes casos, é preciso temeridade, uma vez que a doutrina de Santo Tomás de Aquino foi aprovada pelo próprio Cristo em pessoa!
Sobre esse evento, que consta da bula de canonização de Santo Tomás e de todas as suas biografias, relata-se que alguns dos confrades do Angélico ouviram a imagem de Cristo miraculosamente perguntar ao santo: “Falaste bem de mim, Tomás. O que queres como recompensa?”. Ao que o Aquinate respondeu: “Nada além de Ti, Senhor”.
Saltando alguns séculos de reiteradas confirmações do acima dito, São Pio X, no motu proprio intitulado Sacrorum Antistitum diz, entre outras coisas, que os princípios da filosofia e da teologia de Santo Tomás não devem ser considerados como meramente opináveis ou discutíveis, mas como fundamentos sobre os quais se apoiam os conhecimentos acerca das coisas humanas e divinas.
A primazia doutrinal do Aquinate foi também coroada por Bento XV, que a incluiu no Código de Direito Canónico de 1917 (cânon 1366) com as seguintes palavras: “O sentido da filosofia e da teologia, assim como a instrução filosófica e teológica dos estudantes de teologia, devem ser dispostos pelos professores de modo a que se ajustem em tudo (omnino) ao sentido e espírito das doutrinas do Doutor Angélico, considerando-se tais princípios como coisa santa”.
Ditas todas estas coisas, será conveniente para um católico que estuda teologia afastar-se de Santo Tomás?
Se é verdade de fé que a autoridade da Igreja é maior do que a de quaisquer de seus Doutores, posto que dela recebem eles a sua ciência (cf. Suma Teológica, II-II, q. 10, art. 12, corpus), também é verdade que esse mesmo Magistério quis que a doutrinal de Tomás participasse da Sua própria autoridade.
Por fim, deixo o belo testamento de fidelidade deste grande santo, pronunciado depois de receber pela derradeira vez a Santíssima Eucaristia:
"Eu Vos recebo, preço do resgate de minha alma e Viático de minha peregrinação, por cujo amor estudei, vigiei, trabalhei, preguei e ensinei. Tenho escrito tanto, e tão frequentemente tenho discutido sobre os mistérios da vossa Lei, ó meu Deus; sabeis que nada desejei ensinar que não tivesse aprendido de Vós. Se o que escrevi é verdade, aceitai-o como uma homenagem à vossa infinita majestade; se falso, perdoai a minha ignorância. Consagro tudo o que fiz e o submeto ao infalível julgamento da vossa Santa Igreja Romana, na obediência à qual estou prestes a partir desta vida."
Deus Vult!
