COMO BEM SE CONFESSAR - Parte 3 (Satisfação)

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O último elemento da Confissão sacramental é a Satisfação, que é a penitência sacramental imposta pelo sacerdote.

Porque a confissão precisa de uma penitência?

Impõe-se uma penitência porque, embora a absolvição sacramental já tenha perdoado plenamente a culpa e a pena eterna do pecado, normalmente resta uma parte da pena temporal (dependendo do quão perfeita foi a contrição), a pagar neste mundo ou no Purgatório. Por outras palavras, precisamos ainda reparar a desordem causada pelo pecado, em nós e no mundo.

Podemos compreender isto de forma muito humana. Se alguém nos ofendeu e, arrependido, nos pediu perdão, até podemos (e devemos) perdoar, mas a relação entre nós não regressa imediatamente ao estado em que estava. É preciso reparar o estrago!

O pecado, causa desordem na nossa relação com os outros e enfraquece a nossa saúde espiritual. Endurece o nosso coração e embacia a nossa mente. Pelo que a penitência é-nos necessária para restaurar a harmonia no nosso coração e a capacidade de nos relacionarmos com os outros.

As obras de penitência podem reduzir-se a três espécies: à oração, ao jejum, à esmola.

Por oração entende-se toda a espécie de exercícios de piedade.
Por jejum entende-se toda a espécie de mortificação.
Por esmola entende-se toda e qualquer obra de misericórdia espiritual e corporal

Para além da penitência, temos o dever de procurar reparar a desordem causada no mundo pelo seu pecado. Se alguém danificou injustamente o próximo nos bens ou na honra, ou se lhe deu escândalo, deve, o mais breve e na medida em que for possível, restituir-lhe os bens, reparar-lhe a honra e remediar o escândalo.

Lembre-se, irmão, que por nossas próprias forças é-nos impossível dar satisfação a Deus pelos nossos pecados; mas unindo-nos a Jesus Cristo na Sua Paixão, por meio d'Ele, Deus nos concede essa graça.

Por vezes, o confessor não define uma penitência. Ou mesmo que a defina, a penitência que nos dá o confessor, normalmente, não é suficiente para pagar totalmente a pena temporal devida pelos pecados; por isso devemos ainda procurar fazer penitências voluntárias, discernindo, na nossa vida espiritual, o remédio necessário à nossa alma. E é neste campo que poderemos procurar os tesouro de misericórdia acumulados pela Santa Igreja, as Indulgências.

Ainda assim, cumpramos o mais devotadamente possível a penitência sacramental pois a penitência que nos dá o confessor é mais meritória, porque, sendo parte do Sacramento, recebe maior virtude dos merecimentos da Paixão de Jesus Cristo.

Nas palavras de St. Tomás de Aquino "nela (na penitência sacramental) opera o poder das chaves, de sorte que tem mais valor para expiar o pecado que se o homem realizasse a mesma obra por seu próprio arbítrio".

Esta terceira parte do sacramento da reconciliação é, nos nossos dias, por muitos negligenciada. Mas toma consciência disto, Cristão, que aqueles morrem depois de ter recebido a absolvição, mas antes de terem satisfeito plenamente à justiça de Deus, ainda não estão prontos para ir para o Céu. Precisarão passar pelo Purgatório, para ali satisfazerem à justiça de Deus e se purificarem inteiramente.

As nossas próprias penitências podem servir para a satisfazer não só os nossos pecados mas também dos de nosso próximo, esteja ele no mundo ou no Purgatório, num admirável intercâmbio de bens espirituais!

Deus Vult!

Fonte: baseado no catecismo de São Pio X