COMO OS REIS MAGOS SALVARAM A CIVILIZAÇÃO - Chesterton e a heresia Iconoclasta
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Gilbert K. Chesterton, o grande apóstolo do senso comum, tem por vezes destas frases cujo sentido profundo nem todos atingem logo.
Estaria Chesterton a ser irónico com esta frase? A resposta é "sim e não".
"Sim", pois há um óbvio e propositado exagero na afirmação, caso seja entendida em sentido literal (erro que muitos cometem).
"Não", porque Chesterton era absolutamente anti-iconoclasta(*) e sabia o quanto a arte sacra (com seus ícones, imagens, afrescos, cantos e arquitetura) havia contribuído para a propagação do Evangelho por todo o mundo, e em especial pela Europa, uma vez que a mensagem da Boa Nova era transmitida principalmente pela razão, fortalecida pela imaginação, que o discurso mito-poético das Escrituras incutia nos povos através da arte.
Chesterton também sabia quão prejudicial era a redução da capacidade imaginativa para o homem comum, e esse era um dos malefícios causados pelo heresia iconoclasta, que considerava errado representar Deus e suas criaturas através da arte, quando na verdade Ele sempre desejou que Sua Palavra e Seus feitos fossem lembrados pelo seu povo através de registos físicos (livros, pinturas e esculturas), como vemos por exemplo em Éx. 25, 16-22, Números 21, 8-9, I Reis 6, 23-27.
Esta frase é, portanto, um brado contra aqueles que se recusam a utilizar o senso comum para reconhecer a utilidade das imagens na devoção e fervor e religioso e no trabalho missionário. Já que não somos anjos e os nossos sentidos servem-nos como instrumento para o conhecimento da Verdade (1)
Deus Vult!
Nota*: heresia Iconoclasta é o nome dado ao movimento de contestação contra a veneração de imagens. O termo abrange ainda aqueles que destroem monumentos, obras de arte e símbolos.
(1) - Suma Teológica, questão 78, St. Tomás de Aquino