NÃO EXISTEM PESSOAS VULGARES - C.S.Lewis
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"Até pode ser que se pense demais na sua própria potencial glória futura, mas dificilmente pensaremos com demasiada frequência ou profundidade na potencial glória do nosso próximo.
A carga, ou peso, fardo da glória do meu próximo deveria pesar nas minhas costas todos os dias, uma carga tão pesada que somente pela humildade poderei carregá-la, pois as costas dos orgulhosos serão quebrados.
É algo sério viver numa sociedade de possíveis deuses e deusas, e lembrar-se de que a pessoa mais desinteressante com quem conversarmos hoje, pode vir a ser, um dia, uma criatura que, se a víssemos agora, seriamos fortemente tentado a adorar. Ou então um horror e corrupção só possível de encontrar em um pesadelo.
Ao longo do dia nós nos ajudamos uns aos outros a caminhar para um ou outro desses destinos. É à luz dessas possibilidades esmagadoras que deveríamos conduzir todas as nossas relações, todas as amizades, todos os amores, todas as brincadeiras, todas as políticas.
Não existem pessoas vulgares. Nós nunca falamos com meros mortais!
Nações, culturas, obras de arte, civilizações…. Estes são mortais, e a sua vida é, em comparação à nossa, como a vida de um mosquito. Mas é com imortais que nós brincamos, trabalhamos, casamos, desprezamos e exploramos.
Horrores imortais ou esplendores eternos!"
Não quer dizer que devamos estar sempre num estado de perpétua solenidade!
Nós devemos brincar!
Mas a nossa alegria tem de ser daquele tipo (que, de fato, é o tipo mais agradável) que existe entre pessoas que, desde à partida, levaram-se a sério uma à outra - sem irreverência, sem superioridade, sem presunção.
E a nossa caridade tem de ser um amor real que custe, que sente com profunda tristeza os pecados do próximo mas ama o pecador. E não uma mera tolerância ou indulgência disfarçada de amor como a irreverência se disfarça de alegria.
Depois do Santíssimo Sacramento, o nosso próximo é a coisa mais sagrada presente aos nossos sentidos."
C.S.Lewis em "O Peso de Glória" pp. 45-46