PORQUE DORMIS, SENHOR? - Meditação sobre os últimos tempos
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Do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos (Marcos 4; 37 a 40)
Levantou-se um forte vendaval, e as ondas se lançavam sobre o barco, de forma que este foi se enchendo de água. Jesus estava na popa, dormindo com a cabeça sobre um travesseiro. Os discípulos acordaram-no e clamaram:
“Mestre, não te importas que morramos?”
Ele levantou-se, repreendeu o vento e disse ao mar: “
Aquieta-te! Acalma-te!”
O vento aquietou-se, e fez-se completa bonança.
Então perguntou aos seus discípulos:
“Por que estais com tanto medo? Ainda não têm fé?”
Muitos se inquietam face à crise na Igreja Católica. Lembram os apóstolos na tormenta, duvidando que seja Cristo quem governa a Barca!
As ondas (isto é, as tribulações) podem chegar às vezes a proporções tamanhas, que se torne quase impossível, a um olhar mundano, discernir onde no mar do mundo está a Igreja, oculta em meio a tantos tormentos. Parece que vai soçobrar a qualquer momento.
Diante da tragédia humana, somos também tentados a perguntar "porque dormis, Senhor? Não vedes os apuros em que está a Vossa barca?"
Alguns, fartos da hipocrisia de tantos, desiludidos ou desesperançados, abandonam o barco, deixando para trás tristes espaços vazios nos bancos compridos das igrejas.
Não por indiferença, mas por paciência, até que, estimulado pelas preces insistentes dos santos, Ele resolva em sua providência dar fim às tribulações e devolver aos seus a tranquilidade que desejam (cf. Tertuliano, De bapt., 12: PL 1, 1321).
De facto, diz-nos o Catecismo da Igreja Católica que:
675. Antes da vinda de Cristo, a Igreja deverá passar por uma prova final, que abalará a fé de numerosos crentes. A perseguição, que acompanha a sua peregrinação na Terra, porá a descoberto o «mistério da iniquidade», sob a forma duma impostura religiosa, que trará aos homens uma solução aparente para os seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A suprema impostura religiosa é a do Anticristo, isto é, dum pseudo-messianismo em que o homem se glorifica a si mesmo, substituindo-se a Deus e ao Messias Encarnado.
676. Esta impostura anticrística já se esboça no mundo, sempre que se pretende realizar na história a esperança messiânica, que não pode consumar-se senão para além dela, através do juízo escatológico. A Igreja rejeitou esta falsificação do Reino futuro, mesmo na sua forma mitigada, sob o nome de milenarismo, e principalmente sob a forma política dum messianismo secularizado, «intrinsecamente perverso».
677. A Igreja não entrará na glória do Reino senão através dessa última Páscoa, em que seguirá o Senhor na sua morte e ressurreição. O Reino não se consumará, pois, por um triunfo histórico da Igreja segundo um progresso ascendente, mas por uma vitória de Deus sobre o último desencadear do mal, que fará descer do céu a sua Esposa. O triunfo de Deus sobre a revolta do mal tomará a forma de Juízo final, após o último abalo cósmico deste mundo passageiro.
Com isto pretendo transmitir, não que a luta contra a injustiça humana e as artimanhas do Inimigo seja inútil, mas que não nos deve perturbar a paz interior esse espetáculo triste.
“Por que estais com tanto medo? Ainda não têm fé?”
A fidelidade, como virtude que é, é testada, não na bonança, mas na tempestade, na crise! Confiados nas promessas de Cristo, sabemos que, em meio a tamanha borrasca, a barca não pode afundar. Se nos deixássemos desesperar dessas promessas, chegaria o dia do encontro com o Senhor, e que dor seria quando Ele nos perguntasse
"Filho, porque Me abandonaste na Minha hora mais escura?"
É verdade que os tempos não são os melhores. Mas ESTE (e não outro) foi o lugar e ESTE foi o tempo na História que Deus escolheu especificamente para ti, para mim, para cada um de nós!
É ESTA a hora para se ser santo! É ESTE o lugar para se ser um fiel soldado do Rei dos Reis!
“Tempos ruins, tempos difíceis, é o que as pessoas dizem; mas vivamos bem, e os tempos serão bons. Nós somos os tempos: Como nós somos, tais são os tempos ”. Santo Agostinho
Deus Vult!
Tertuliano, citado no texto, não abandonou a Igreja no fim? Preferindo a heresia?
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